O Novo México, historicamente associado a projetos de defesa como o Projeto Manhattan, está mirando o futuro ao investir pesado em computação quântica — com aplicações tanto civis quanto militares. As informações são do Wall Street Journal.

O estado está formando uma coalizão estratégica que reúne o governo estadual, universidades locais, laboratórios nacionais e o Departamento de Defesa dos EUA, com o objetivo de se tornar um centro nacional de inovação quântica voltado à segurança nacional.

O programa central dessa estratégia é o Quantum Moonshot, que busca transformar o estado em referência tecnológica e já concorre a um financiamento de até US$ 160 milhões da Fundação Nacional de Ciências.

Segundo autoridades locais, essa iniciativa pode não só impulsionar a segurança nacional, mas também diversificar a economia do estado, ainda muito dependente de petróleo, gás e manufatura.

Paralelamente a isso, outros polos quânticos estão surgindo nos EUA, como Chicago, Boston e o Vale do Silício. Mas o Novo México aposta em sua herança científica, infraestrutura de defesa e colaboração interinstitucional para se destacar.

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Homem "apertando" um botão imaginário com os dizeres "quantum computing"
Com apoio de universidades, laboratórios e militares, o Novo México sonha alto na revolução quântica (Imagem: Panchenko Vladimir/Shutterstock)

Por que a computação quântica importa?

Computadores quânticos têm potencial para resolver problemas que seriam impossíveis para as máquinas atuais — o que representa tanto oportunidades quanto riscos.

Um deles é a possibilidade de quebrar sistemas de criptografia usados por governos e empresas, o que levou especialistas como Zachary Yerushalmi, da Elevate Quantum, a classificar a corrida quântica como uma disputa pela “chave mestra da internet”.

Laboratórios como Los Alamos e Sandia trabalham junto à DARPA (Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa) para tentar viabilizar um computador quântico funcional até 2033.

O sucesso antecipado desse projeto daria aos EUA uma vantagem estratégica frente a potências concorrentes.

Além disso, o uso militar pode incluir novos materiais, estratégias de dissuasão nuclear e manutenção preventiva em frotas aéreas e navais.

Infraestrutura e indústria local

O estado também está investindo diretamente na criação de uma infraestrutura industrial para computação quântica. O orçamento inclui:

  • US$ 10 milhões para um estúdio quântico,
  • US$ 10 milhões para infraestrutura dedicada,
  • E um novo fundo de US$ 40 milhões para atrair investimentos federais e privados.

Recentemente, empresas como Mesa Quantum e Quantinuum anunciaram expansão no estado, e a criação da Divisão de Inovação Tecnológica no governo estadual reforça a ambição de longo prazo.

O Instituto Quantum New Mexico, criado pela Universidade do Novo México em parceria com Sandia, será o centro nervoso da pesquisa local.

Para o professor Ivan Deutsch, é crucial que o estado não repita erros do passado, quando grandes inovações nasceram ali, mas os benefícios econômicos foram colhidos em outros lugares.

Computador quântico
Programa “Quantum Moonshot” une ciência e defesa em busca de um novo salto tecnológico para os EUA – Imagem: shutterstock/JLStock

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